domingo, 31 de março de 2013

A banalização da vida humana




Discutindo a banalização da vida

      No dia-a-dia, diante da correria do nosso modo de vida capitalista, não conseguimos enxergar as contradições da vida cotidiana dos nossos semelhantes, simplesmente não vemos o outro. Ao passarmos perto de pessoas caídas no chão sem dar a mínima atenção (como se aquele ser fosse apenas um objeto) e se logo em seguida alguém nos pergunta:  "você viu aquela mulher caída no chão?" Caso você não se lembra é por que o cérebro já está condicionado, banalizamos a vida.
      Foi televisionado num programa do Fantástico Ser ou não Ser de Viviane Mosé, há bastante tempo, uma cena que fiquei espantado, refere-se a um corpo que estava jogado na orla de uma praia do Rio de Janeiro, pasmem, as pessoas simplesmente estavam tirando fotos e admirando a paisagem carioca, ninguém ficou chocado ou simplesmente deram a mínima atenção para aquele corpo.
      Outra reportagem também do Fantástico, mostrou como pessoas que trabalham nos setores de limpeza de Shopping ou na rua não são "vistas" pelos demais, ninguém reconheceu os atores/atrizes famosas que se passavam por pessoas do setor de limpeza, detalhe eles não estavam com nenhum tipo de maquiagem ou algo que pudesse impedir que reconhecessem, o rosto famoso dos atores foram apagados pela roupa dos profissionais de limpeza.
      Estes acontecimentos nos colocam num dilema ético e filosófico, qual o significado da vida? o que é o outro? a ética que pregamos é a que vivemos? nossa moral está de acordo com nossas ações? o sentimento de alteridade é algo presente na nossa sociedade?
      Infelizmente o outro é colocado na condição de objeto, simplesmente coisificamos os seres humanos e cenas como as citadas a cima infelizmente está no nosso dia-a-dia, as pessoas foram simplesmente excluídas do alcance de nossos olhos e da nossa mente. Esta é a banalização da vida, vivemos em um mundo na qual somos hierarquizados de acordo com nossos empregos, condições financeiras, cor, religião, grau de escolaridade, ou apenas por meras aparências, não precisamos ter nada, mas se aparentarmos "ricos" ai sim seremos vistos aos olhos dos demais ou caso o outro seja uma "ameaça", também será visto porém como algo que nos possam afetar, mesmo que na sua maioria não passam de ameaças do nosso pré-conceito.
      Vivemos em discursos hipócritas, humanistas, cheios de uma moral que visa quase na sua totalidade o consumo e o levar vantagem, valores que pregam o amor ao próximo, mas a realidade é que estes discursos são simplesmente uma forma de auto-valorização, criamos não sentimentos de amor ao próximo mas sim uma auto-imagem para que possamos ser incluídos na sociedade e nas pessoas de "bem", para que possamos ser "salvos" .

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