domingo, 31 de março de 2013

A banalização da vida humana




Discutindo a banalização da vida

      No dia-a-dia, diante da correria do nosso modo de vida capitalista, não conseguimos enxergar as contradições da vida cotidiana dos nossos semelhantes, simplesmente não vemos o outro. Ao passarmos perto de pessoas caídas no chão sem dar a mínima atenção (como se aquele ser fosse apenas um objeto) e se logo em seguida alguém nos pergunta:  "você viu aquela mulher caída no chão?" Caso você não se lembra é por que o cérebro já está condicionado, banalizamos a vida.
      Foi televisionado num programa do Fantástico Ser ou não Ser de Viviane Mosé, há bastante tempo, uma cena que fiquei espantado, refere-se a um corpo que estava jogado na orla de uma praia do Rio de Janeiro, pasmem, as pessoas simplesmente estavam tirando fotos e admirando a paisagem carioca, ninguém ficou chocado ou simplesmente deram a mínima atenção para aquele corpo.
      Outra reportagem também do Fantástico, mostrou como pessoas que trabalham nos setores de limpeza de Shopping ou na rua não são "vistas" pelos demais, ninguém reconheceu os atores/atrizes famosas que se passavam por pessoas do setor de limpeza, detalhe eles não estavam com nenhum tipo de maquiagem ou algo que pudesse impedir que reconhecessem, o rosto famoso dos atores foram apagados pela roupa dos profissionais de limpeza.
      Estes acontecimentos nos colocam num dilema ético e filosófico, qual o significado da vida? o que é o outro? a ética que pregamos é a que vivemos? nossa moral está de acordo com nossas ações? o sentimento de alteridade é algo presente na nossa sociedade?
      Infelizmente o outro é colocado na condição de objeto, simplesmente coisificamos os seres humanos e cenas como as citadas a cima infelizmente está no nosso dia-a-dia, as pessoas foram simplesmente excluídas do alcance de nossos olhos e da nossa mente. Esta é a banalização da vida, vivemos em um mundo na qual somos hierarquizados de acordo com nossos empregos, condições financeiras, cor, religião, grau de escolaridade, ou apenas por meras aparências, não precisamos ter nada, mas se aparentarmos "ricos" ai sim seremos vistos aos olhos dos demais ou caso o outro seja uma "ameaça", também será visto porém como algo que nos possam afetar, mesmo que na sua maioria não passam de ameaças do nosso pré-conceito.
      Vivemos em discursos hipócritas, humanistas, cheios de uma moral que visa quase na sua totalidade o consumo e o levar vantagem, valores que pregam o amor ao próximo, mas a realidade é que estes discursos são simplesmente uma forma de auto-valorização, criamos não sentimentos de amor ao próximo mas sim uma auto-imagem para que possamos ser incluídos na sociedade e nas pessoas de "bem", para que possamos ser "salvos" .

sexta-feira, 29 de março de 2013

A fome que criamos





      Estas fotos nos faz refletir o quanto somos responsáveis uns pelos outros. Não podemos viver na hipocrisia, achando que, o que acontece com os povos e as pessoas que necessitam de ajuda não tem haver conosco. A nossa opinião, o nosso voto, a nossa posição ideológica ou a simples omissão nos colocam como responsáveis pela pobreza, a fome e as guerras.

      Lutemos com todas as nossas armas para que isto diminua. No século XXI não cabem mais cenas como estas. Não vamos ficar calados, quietos em nossas casas, assistindo tudo pela TV, ou em muitos casos ficando "revoltados" e logo em seguida voltar a ter uma vida normal. Quantas vezes passamos quase esbarrando em pessoas que estão necessitando de ajuda no nosso cotidiano e simplesmente não conseguimos enxergar, ver, sentimento de revolta está sedendo lugar para o consumo desenfreado (o prazer da sociedade atual). A paisagem urbana com toda as suas mazelas se banalizou na nossa mente, não nos chocamos mais com violência, fome, miséria, roubo e o ato de levar vantagem, somente ficamos revoltados quando estas cenas nos prejudicam ou não nos beneficiamos com isto. Não devemos culpar os outros, ou simplesmente falando que tudo é castigo "divino". A pobreza, a fome e a guerra são construções humanas.

A morte como sentido da vida




Envelhecer é algo esplendido e magnífico, como seria infernal a imortalidade do corpo. Já pensou o quanto seria banal todas as nossas atitudes e nossas vivências, o que seria das conquistas, se é que podemos utilizar este termo no caso de uma vida sem fim, e o deixar para depois, já pensou? Que depois? Afinal não existiria a finitude, a pressa ou a lentidão. Para quê? Qual seria o sentido da vida? Afinal teria sentido? Planos? Projetos?
O verdadeiro sentido de nossas vidas está na sua finitude, somente os seres humanos sabem que irão morrer, isto nos proporciona uma vida plena e autêntica (pelo menos é o que deveria ser).
Infelizmente não sabemos lidar com a morte, nossa sociedade está a cada dia se distanciando das discussões sobre este tema, como seria bem mais aproveitoso nossas vidas se este assunto não fosse um tabu.
A sociedade contemporânea busca no prazer rápido seu combustível de vida, mas devemos lembrar que o corpo se deteriora com o tempo, por isto temos tanto medo de envelhecer.
A nossa sociedade coloca ênfase no culto somente do corpo, afinal é quase sagrado ter um corpo "perfeito". Ser jovem e novo é algo que a maioria não mede esforços para pelo menos tentar parecer que estão conquistando, ou adiando a velhice. Quanta tolice, torna se algo patético e ridículo, pessoas que estão em idades avançadas vestindo e querendo viver como adolescentes. A maturidade não está em quantos aniversários comemoramos, mas na vivência plena e autêntica. Claro que isto não quer dizer que devemos deixar de lado a saúde do nosso corpo, mas também nos preocuparmos com a saúde de nossa mente, afinal é humano e a nossa diferença com os outros seres vivos está justamente na capacidade de utilizar nossa inteligência para superarmos nossa condição de um simples mamífero com instintos selvagens.
Um filme que marca esta idéia é "O clube da luta" de David Fincher com Brad Pitt, Edward Norton (1999). A obra acima é de Salvador Dalí (A persistência da memória).



Holocausto, o "monstro" da criação humana



A ferrovia na foto é dos trens que transportavam os judeus que foram queimados nos fornos dos campos de concentração nazista, durante a segunda guerra mundial.
Relatos de sobreviventes dão a idéia do quanto a barbárie tomou conta de nossa civilização. O cheiro de carne queimada era sentido em toda região. Filmes como "Cinzas da guerra" ou "Fuga de Sobidor" narram o inarrável.
Jamais devemos nos esquecer os horrores deste holocausto, as feridas não podem ser apagadas com o tempo.

Em tempos de crises, como as que estão afetando principalmente a Europa, proporciona grande aumento de atitudes e ideologias neonazistas. Todos (ou quase todos) sabem que o ser humano não tem limite nas suas ações, a banalização da vida está explícita em cada atitude nossa. Devemos ficar atento e jamais deixar que desenterrem o monstro que habita entre nós, fanáticos, lunáticos e fundamentalistas estão ganhando forças no Brasil e em todo mundo.
Afinal de contas a morte de 6 milhões de judeus não foi culpa de apenas um (Hitler) ou de um grupo, mas de todos que estiveram conhecimento na época e que não fizeram nada. A omissão é o pior dos pecados.




quarta-feira, 27 de março de 2013

O fanatismo x o vazio político






" Nem todos os loucos ou burros são fanáticos, mas todos os fanáticos são loucos ou burros" Schopenhauer
Enquanto o norte da África e oriente médio passam por grandes revoluções proporcionadas principalmente por uma rede social que quebrou a censura da região, ou grandes revoltas na Europa devido a retrocessos nas conquistas históricas do Estado de Bem Estar social, o Brasil busca no futebol e em outros eventos o seu sentimento de amor e revolta. Os nossos ídolos são jogadores de futebol, cantores entre outras pessoas que no máximo nos proporcionam uma "pequena diversão".O futebol e eventos como carnaval e festas diversas são saudáveis e bem vindos, afinal a diversão proporcionada pelos mesmos devem ser levados em consideração. Porém chegamos a um ponto que ultrapassa a diversão. O fanatismo de grupos como demonstra a foto acima, nos transforma em seres irracionais, o sentimento de pertencimento de grupos nós encorajam a fazer coisas que sozinhos não seriamos capazes de fazer.Por que não conseguimos utilizar este "calibre" de revolta em coisas úteis? Por que não conseguimos nos reunir em eventos que proporcionariam mudanças em nossas vidas?Estamos vivendo no auge da ignorância e da mais pura mediocridade? Por que discutimos coisas tão inúteis, quase o tempo todo?Não sou contra futebol, programas de qualquer espécie ou eventos de qualquer natureza (desde que não prejudique qualquer ser vivo), eu até gosto e vejo. Só penso que ao invés de utilizarmos 99% com bestialidades e apenas 1% em coisas importantes (em muitas situações este percentual é bem menor), deveríamos ao menos aumentar estes 1% (esta porcentagem é uma idéia que percebo, afinal não temos meios confiáveis de mensurar este tipo de análise). Não devemos nos vaguear  com discursos moralistas sem qualquer aprofundamento, sendo derrubado com facilidade por pessoas que utilizam a lógica com argumentos falaciosos.Não deixe a vida te levar, não se mova só no sentido em que a maioria vá. Lute e valorize suas idéias e acredite na sua autenticidade. Não seja mais um na manada.




Os skinheads no Brasil

Os skinheads no Brasil

      A origem dos skinheads acontece na década de 1960 na Inglaterra, a música era o principal elemento que os uniam (ska, reggae, rude boys, entre outros), esta subcultura juvenil tinha como aspectos a estética e o comportamento, sendo formados tanto por brancos como por negros (imigrantes jamaicanos). Uma das marcas que a mídia divulga dos skinheads são suas cabeças raspadas (o termo skinheads e traduzido como “cabeça pelada”), porém havia nos grupos garotas, garotos com cabelos grandes, vestimentas que “escapam” do estilo divulgado pelos meios de comunicação. Uma das características destes grupos foi promover confrontos de gangues em estádios de futebol, repúdio aos paquistaneses e asiáticos, eram contra os nazistas, não aceitavam o racismo contra negros, já que muitos deles eram descendentes de negros, eram adeptos da direita radical e muitos deles filhos de operários ingleses.    
      A Europa durante a década de 1960 estava passando por grandes transformações na área cultural e política. O confronto ideológico entre o capitalismo liderado pelos norte-americanos e o comunismo pela União Soviética colocava o mundo em constantes discussões a respeito destes dois pólos ideológicos. Os EUA, ironicamente, foi o berço da chamada contracultura, movimento que colocava em cheque o modelo de família da classe média norte americana e do próprio sistema capitalista com sua lógica de mercado e de consumo. Na Europa estava acontecendo greves e movimentos estudantis, em 1968 houve na França uma grande manifestação em que os operários e os estudantes questionaram as estruturas políticas e sociais, enfim, o contexto em que originou os skinheads foi de grande turbulência, as mudanças ocorridas naquele momento refletiram de forma direta na criação de vários grupos urbanos, a própria dinâmica destes grupos e reflexo dos fatores históricos que estão inseridos. Estruturas rígidas como família, Estado, religião são questionadas e influenciaram diversas teorias e grupos, e juntamente com estes grupos surgiram também grupos em que tendiam a preservar estas estruturas.

A heterogeneidade tende a quebrar estruturas sociais rígidas e a produzir maior mobilidade, instabilidade e insegurança, e a filiação de indivíduos a uma variedade de grupos sociais opostos e tangenciais com um alto grau de renovação dos seus componentes. O nexo pecuniário tende a deslocar as relações pessoais, e as instituições tendem a atende às necessidades das massas em vez do indivíduo. O indivíduo, portanto, somente se torna eficaz através de grupos organizados. O complexo fenômeno do urbanismo poderá apresentar unidade e coerência se a análise sociológica se fizer à luz de tal corpo teórico. A evidência empírica referente à Ecologia, à Organização Social e à Psicologia Social do modo de vida urbano confirma a eficácia dessa abordagem”[1]


      No final da década de 1970, surge uma segunda “geração” de skinheads, reunindo aspectos da geração anterior com a cultura punk. Já na década de 1980 os skinheads fragmentam-se, originando vários grupos, ocasionando a infiltração da política dentro da cultura skin, os integrantes destes submovimentos passaram a promover o racismo contra negros, a xenofobia, a homofobia e a cultivar as ideologias nazistas.
      Os skinheads atuais têm como características principais as referências visuais, o culto ao futebol à cerveja e a violência, procuram se organizar em territórios e a cultivar brigas em gangues, com um viés ultranacionalista.
      Apesar de todas estas características, os skinheads têm fortes influências locais, sendo as cidades os grandes pontos de heterogeneidade destes grupos, tanto às transformações ocorridas na história, quanto às mudanças culturais em cada local dão a estes grupos uma peculiaridade. Os vários aspectos econômicos, sociais, culturais, históricos e geográficos definem cada grupo oriundo do local em que estão inseridos. Porém qual for o modelo de conduta dos skinheads, o nacionalismo que dá ânimo e permite a continuidade de tais ideais e ações. A disseminação destes ideais para fora da Europa levou consigo este caráter nacional radicalizado.


“Para os sociólogos franceses, a cidade deveria ser compreendida como espaço socialmente produzido, assumindo diferentes configurações de acordo com os vários modos de organização socioeconômica e de controle político. Ganha importância a interação entre as relações de produção, consumo, troca e poder que se manifestam no ambiente urbano.”[2]


      No Brasil, o skinheads teve sua origem nos bairros pobres da Zona Leste de São Paulo e nas cidades industriais do ABC paulista, ocorreu por volta do ano de 1982, no início eram adeptos do punk que rasparam as cabeças para diferenciarem dos chamados punks da cidade, aqueles que circulavam no centro da cidade de São Paulo, com o crescimento do grupo passaram a aceitar jovens da classe média. Nos primeiros tempos tinham como características negar qualquer ligação com sintomas políticos de extrema direita. Atualmente há uma grande rivalidade entre simpatizantes de um nacionalismo tolerante em termos raciais, grande parte dos adeptos destes grupos passaram a aceitar negros e filhos de nordestinos em seus quadros.
      Os skinheads brasileiros não podem ser considerados como um movimento social, pois em termos numéricos é insignificante para o cenário político institucional, o que lhes dão evidencia é a mídia, noticiando alguns casos de violência e que os colocam em evidência, proporcionando sua identificação através de certo tipo de nacionalismo justificando com este argumento seus atos de violência, colocando os seus “inimigos” como sendo inimigos da nação.
      Os skinheads brasileiros sendo os sujeitos que causam humilhação, colocam-se como sendo os representantes da nação. Os skinheads europeus conseguem disseminar idéias de superioridade branca, anti-imigração ou anti-socialista com uma maior facilidade, pois devido a questões históricas e culturais os Estados europeus apresentam características mais homogenias, como cor, tradição, costumes entre outros. No caso brasileiro os fatores históricos que proporcionam um mistura de raças, culturas e línguas dificultam a importação destas idéias, porém a linha simplista que separam racistas e não-racistas é por vezes subtendida por posicionamentos intermediários tendo por base um tipo particular de visão histórica, há em seus discursos um projeto nacionalista que inclui igualmente todas as raças que convivem no Brasil, porém preservando as diferenças étnicas.
      No Brasil temos dois tipos diferentes que mais se destacam de skinheads, um chamado de “carecas” tendo como características um nacionalismo tolerante em termos raciais oriundos do ABC Paulista, aceitam negros e os filhos de imigrantes nordestinos em seus grupos. Outro grupo defensor de uma supremacia branca, os White Power Skinheads, também devotos ao separatismo em nome de uma improvável pureza racial.
      Os skinheads White Power colocam como seus alvos os negros e nordestinos. A mídia tende a analisar este ódio somente por uma perspectiva de racismo e preconceito. Numa análise simplista o negro e visto como raça inferior dada à marginalidade e à malandragem inerentes, o nordestino como ladrão de empregos e subversor cultural e o judeu como controlador da mídia. Ao analisarmos mais profundamente percebemos que questões de ordem econômicas e sociais influenciam neste ódio, o desemprego, a violência, as perspectivas de vida dos jovens e a competição proporcionada pelo crescimento das cidades fazem com que há um repúdio aqueles que são considerados “inferiores” e “de fora”. A discussão a respeito da presença nordestina é praticamente exclusiva aos skinheads de São Paulo.

“A densidade reforça a diferenciação interna, pois, paradoxalmente, quanto mais próximos estamos fisicamente, tanto mais distantes são os contatos sociais, a partir do momento em que se torna necessário só se comprometer parcialmente em cada um dos relacionamentos. Há, portanto uma justaposição sem mistura de meios sociais diferentes, à que gera o relativismo e a secularização da sociedade urbana (indiferença a tudo que não esteja diretamente ligado aos objetivos próprios de cada indivíduo). Enfim, a coabitação sem possibilidades de expansão real resulta na selvageria individual (para evitar o controle social) e, consequentemente, na agressividade.”[3]


      Com um viés religioso os skinheads brasileiros excluem os homossexuais, sendo mais uma variante na composição do nacionalismo dos skinheads brasileiros. Este ódio aos homossexuais acontece tanto dos “carecas” quanto dos White Power Skinheads. A questão separatista está presente nos White Power Skinheads já os “carecas” aceitam a multiracialidade brasileira. Os White Power Skinheads buscam um Estado somente com pessoas brancas.
      Porém há divergências mesmo entre os Skinheads White power dos estados do sul em relação os de São Paulo, pois os sulistas reforçam a exclusão de São Paulo, alegando que os paulistas não são descendentes da raça “pura” oriunda da Europa, a miscigenação paulista não poderia ser aceito num Estado ariano.
      Mesmo com tantas divergências dos skinheads brasileiros, há, no entanto dois itens que os unem, tanto os “carecas” quanto os White Power Skinheads o comunismo e o sionismo são inimigos a ser eliminados em nome de um nacionalismo pleno e irrestrito. As análises feitas pelos integrantes dos skinheads não estão pautadas em analises de cunho teórico e com aprofundamento dos itens. Há um reducionismo destas análises referentes aos temas como comunismo, para eles este sistema é um fracasso, tirando o exemplo soviético como o principal motivo do repúdio ao comunismo, questões religiosas são a base para o repúdio aos adeptos do comunismo e do ateísmo.
      O sionismo e atacado por todos os skinheads brasileiros, muitos colocam o holocausto como sendo uma supervalorização da mídia (controlada pelos judeus), procuram justificar suas ações colocando os sionistas capazes de controlar a opinião pública em favor de seus planos de dominação mundial, usando o holocausto como moeda de troca nos momentos críticos.
      Os males a que se referem os skinheads nas práticas sionistas e comunistas estão pautados em cunho moral, segundo eles estes grupos provocaram a destruição de famílias, aborto, homossexualismo, sexo precoce, infidelidade conjugal e drogas. O nacionalismo iria banir estas ameaças.
      Há várias questões que pode ser levantada para justificar a entrada de jovens nestes grupos, a idéia de pertencimento de determinado grupo, a segurança em ter uma identidade, questões de ordem econômicas como desemprego, subemprego, competição no mercado de trabalho, a rebeldia dos jovens, como uma forma de afirmação. A educação precária, as mentes juvenis cansadas de tamanha insolubilidade, acaba buscando alternativas simplificadoras para os problemas complexos.
      As idéias da extrema direita são bem vindas neste contexto, pois a eliminação dos sujeitos que não são bem vindos se tornam uma ação mais simples do que entender e intervir de forma estrutural os problemas.
      Os skinheads estão inseridos em num momento histórico, este momento chamado de pós-modernidade busca desvendar vários mistérios que rondam o universo, as conquistas tecnológicas, científicas, a derrubada de teorias que antes eram dadas como inquestionáveis, colocam o momento atual em “crise” de identidade, a sociedade torna-se mais flexível, não há mais um ou dois tipos ideológicos que procuram solucionar os problemas sociais, questões relacionados à ética e moral volta a ser foco de análises. Idéias prontas e acabadas passam a dar lugar, a uma gama de questionamentos, a verdade que antes era buscada, passa a ser questionada, não temos mais uma verdade, mas sim uma variedade de “verdades”, na qual não cabe simplesmente buscarmos solução em apenas uma, mas ser flexível, dialogando com vários questionamentos. O dogmatismo científico cego e proporciona uma visão distorcida das novas tendências sociais.
      A ambigüidade e uma das marcas desta nova modernidade, ao mesmo tempo em que estão buscando uma melhoria nas condições de vida, por outro lado à humanidade nunca esteve tão perto do seu auto-extermínio, novos valores foram introduzidos, as mudanças nas áreas de comunicação tornam o mundo um lugar “pequeno”, as distâncias que eram algo a ser superado, torna-se relativamente resolvido, estruturas rígidas como a religião, está esfacelando, dando lugar a uma variedade de novas seitas.
      Diante deste novo paradigma que está passando a sociedade pós-moderna, a saída está em buscar uma maior transdisciplinaridade, o pensamento simplificado está dando lugar a um pensamento complexo, na qual une e distingue ao mesmo tempo. O verdadeiro ponto de partida está em compreender a ação dos indivíduos e não a análise das instituições sociais ou dos grupos sociais. Este momento histórico está proporcionando aos homens um ponto de vista mais emotivo em relação ao mundo, resgatando uma sensibilidade em relação ao mundo, diferentemente de outros momentos históricos. Os sentimentos de pertencimentos é o resultado de um processo de integração cujo fundamento do grupo é experimentar novos valores emotivos ou afetivos.
     Os skinheads, assim como vários outros grupos, surgem com uma espécie de compensação diante de uma nova sociedade, pois os laços e a coesão que mantinham a sociedade anterior ficaram fragilidades diante das novas perspectivas de relacionamentos proporcionados pelas rápidas mudanças no mundo tecno-científico e social.
      Diante destas análises, não podemos simplesmente rotular determinados grupos de acordo com análises simplistas, principalmente divulgados pela mídia, também não nos cabe repelir totalmente estes noticiários. Temos que buscar entender fatores diversos irão nos proporcionar uma análise mais realista dos acontecimentos. Os skinheads brasileiros devem ser analisados neste contexto, não podemos generalizar suas ações, ou simplesmente buscar uma referência de outros lugares para classificar ou denominar determinadas ações, como vimos as mudanças em relação ao comportamento deste grupo variou muito em relação ao tempo e ao local, mesmo agora as mudanças estão acontecendo de forma rápida.



Referências Bibliográficas:

*QUARESMA, Sivia Jurema. Durkheim e Weber: Inspiração para uma nova sociabilidade, o neotribalismo. Revista eletrônica dos pós-graduandos em sociologia política da UFSC, Santa Catarina, v. 2, n.1, p.81-89, janeiro-julho 2005.

*BRACHT, Alessandro. O nacionalismo dos skinheads brasileiros. Revista de História, João Pessoa, Ano 2005, n. 12, p. 95-111, jan/ jul 2005.

*FRESHSE, Fraya. In: As realidades que as “tribos urbanas” criam. Tribos urbanas: produção artísticas e identidades. São Paulo, annablume, 2004. 234 pág.

*AMORIM, Lidiane Ramirez de. O estilo punk na pós-modernidade: da crítica à compreensão. Trabalho apresentado no VII Encontro dos núcleos de Pesquisa em comunicação – NP Comunicação e Culturas Urbanas. Santos, p. 1-12, 2 de setembro de 2007.

*SOUZA, Telma Regina de Paula. Ideologias ou mitos totalitários? Fragmentos de discursos inigualitários. Revista Psicologia Política. São Paulo, 1998.

*WIRTH, Louis. O urbanismo como modo de vida; in: Velho, Otávio Guilherme (org) O fenômeno Urbano. Rio de Janeiro; Guanabara, 1987.

*ANNA, Maria Josefina Gabriel Sant. A concepção de cidade em diferentes matrizes teóricas das Ciências sociais. Rio de Janeiro.

*CASTELLS, Manuel. In: O mito da cultura Urbana. A questão Urbana.     
     



*htt://.Carlos Eduardo Pimentel*; Valdiney V. Gouveia**; Patrícia Nunes da Fonsecahttp://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S1413-82712005000200003&script=sci_arttext&tlng=pt

*http://www.pec.uem.br/dcu/VII_SAU/Trabalhos/6-laudas/FRAN%C7A,%20Carlos%20Eduardo.pdf . análise historiográfica sobre os movimentos juvenis e o surgimento dos skinheads brasileiros.

*FRANÇA, Carlos Eduardo; POSSAS, Lídia Maria Viana. Universidade Estadual Paulista – UNESP – campus de Marília. Departamento de Ciências Políticas e Econômicas.


*http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/pdfv1r1/Telma.pdf ideologias ou mitos totalitários? Fragmentos de discursos inigualitários.
ncia, proporcionando sua identificaç mento social, pois em termos nante em termos raciais, grande parte dos adeptos destes grup
     



[1] WIRTH, Louis. O urbanismo como modo de vida; in: Velho, Otávio Guilherme (org) O fenômeno Urbano. Rio de Janeiro; Guanabara, 1987.
[2] ANNA, Maria Josefina Gabriel Sant. A concepção de cidade em diferentes matrizes teóricas das Ciências sociais. Rio de Janeiro.
[3] CASTELLS, Manuel. In: O mito da cultura Urbana. A questão Urbana.

domingo, 24 de março de 2013

Aprender a viver com a nossa fragilidade


      Como seria bem mais fácil se fossemos um simples animal irracional, na qual as ações e o ato de viver seriam guiados por instintos de sobrevivência, sem os sentimentos que são exclusivos da espécie humana: inveja, alegria, tristeza, amor, saudade, esperança entre outras. Mas infelizmente ou felizmente você está no topo da cadeia evolutiva.
      É por isto que devemos refletir sobre este tema, não pensar como simples conselhos de livros baratos de auto-ajuda ou como conselhos de fanáticos. Mas como uma relação dialética entre um conceito filosófico e a mais pura vivência das simples atitudes do dia-a-dia.
      Não se prenda as bestialidades cotidianas, digo as coisas que prejudiquem não somente a você, mas também aos outros. Não fique preso as discussões que em quase sua totalidade não passam de besteiras, não se entristeça com as mentiras, hipocrisias, invejas, falsidades e outros. Não vá se encantar com o canto da sereia do modo de vida medíocre em que a sociedade do consumo tende a te empurrar. Não vá colocar vida nos objetos e nem coisificar as pessoas. Não pense que seu instinto direcione sua vida.
      Trate todas as pessoas como se fosse você o outro. Seja autêntico, ético e compreensivo. Não se deixe levar pelo efeito manada, na qual o mal acaba sendo justificado pela banalização da vida.
     Não se perca nos costumes, na intolerância, preconceitos explícitos e principalmente velados. Admita seus erros, seus deslizes, suas quedas, afinal você é humano. Não se culpe e nem se flagele com as suas decisões, volte atrás, pede perdão, desculpas e ame o seu próximo, sem hipocrisia ou interesse.
      Os problemas existem, não deixem que os outros dimensionem estes problemas, muitos irão aproveitar dos seus erros para buscar seus próprios interesses, aquele que você menos espera irá te estender a mão.
      Não transforme um chuvisco em temporal, nem o contrário. Não pense que o temporal é o fim, mas que é apenas um temporal, aproveite para superá-lo.
    Aprenda a viver nos temporais, não corra, mas também não fique parado, busque abrigo, busque pessoas para te ajudar, enfrente-os de frente e de pé.
     Após este temporal você ficará bem mais forte e bem mais humano. Verá que isto é como uma vacina, na qual você conseguirá enfrentar os problemas com mais firmeza e maior capacidade de tomar decisões certas. Os pequenos problemas cotidianos não serão nada.
     Como diz Nietzsche "Aquilo que não me mata me fortalece", sábias palavras. Aprenda a ser mais humano.

Obra de Arte: uma definição do ser humano








      Conceituar Arte é algo extremamente complicado, alguns a consideram como a própria definição do ser humano, eu compartilho desta opinião. Tanto obras de Van Gogh quanto de grafiteiros (respectivamente as duas obras acima) são expressões da criação humana, não temos como mensurar o valor artístico, claro que Van Gogh é valorizado economicamente. Não podemos hierarquiza-las, não nos cabe determinar a dimensão destas obras. O que devemos entender é que são diferentes. A grande riqueza das Artes é justamente a sua diversidade. Acredito que devemos valorizar todos os tipos de artes, sem preconceitos, discriminações ou colocando-se como um "falso intelectual".
    Muitos se dizem admiradores de Obras famosas como uma forma de criar uma imagem de intelectual. Mas felizmente estas pessoas são facilmente desmascaradas, afinal de contas a falsa intelectualidade só se mantem diante de um público específico.
     Não pense que as artes só estão dentro de lugares determinados como artísticos, afinal de contas muito dos interesses nesta classificação é puramente financeiro e em muitos casos como uma forma de grupos específicos para se garantirem como detentores deste conhecimento.
     Eu acredito e divulgo que a Arte está em todos os lugares, não somente em museus, galerias de artes, livros e exposições. Onde há ser humano teremos arte.



Conhecimento Antropológico e Histórico



     
        Ao analisarmos a Antropologia diante de questões históricas, podemos entender como esta ciência é importante para que a História não caia em erros grosseiros de análise e método. O diálogo entre estas duas áreas do conhecimento humano não pode proporcionar a perda de identidade de ambas, mas devemos sempre buscar explicações para os diversos questionamentos destas ciências, a interdisciplinaridade e fundamental para que não caiamos em análises simplistas e reducionistas, transformando o conhecimento de determinados acontecimentos ou sociedades em meras análises anacrônicas e etnocêntricas. Deve-se sempre buscar explicações de questões em que a especialidade da outra disciplina possa dar um resultado mais próximo da realidade, por isto a História e a Antropologia devem estar em constante sintonia.
      O método de análise histórica é importante para uma melhor compreensão do pesquisador da Antropologia, assim como a “visão do outro” da Antropologia e crucial par que o historiador não venha fazer análises reducionistas da História. Este “casamento” tem proporcionado grandes resultados, principalmente no século XX, com a fundação da Escola dos Annales (França), corrente historiográfica que busca no ambiente cultural uma explicação histórica de determinadas sociedades, em detrimento da História factual, dos acontecimentos, da História simplesmente política e que visava uma referência as “grandes homens”, aos “heróis”, como por exemplo: generais, presidentes, ministros entre outros. A Escola dos Annales buscava estudar temas diversos, tipo: comida, vestuário, sexualidade, boêmia, bebida, entre outros.
      As pessoas do cotidiano, que viviam uma vida simples era objeto de estudo, não como algo de curiosidade, mas como sujeito histórico que proporciona as mudanças do processo histórico. O positivismo e colocado em cheque, não aceitava mais uma ciência tão complexa e tão diversa ser analisada por um método tão simplista e reducionista, por este motivo a História veio a ter uma relação bastante estreita com várias áreas das ciências como: Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Geografia entre outras.
       Nomes como Lucien Febvre, Jacques Le Goff, George Duby, Michelet, Fernand Braudel, March Bloch entre outros fizeram da Escola dos Annales um corrente historiográfica em que as questões culturais deveriam ser colocadas como fundamentais para o conhecimento humano. Historiadores como Carlos Ginzburg e Robet Darton fizeram uma relação bastante estreita com a Antropologia.
      Analisando a História puramente factual, política e positivista em face da Antropologia Contemporânea, podemos perceber o quanto e importante as análises críticas da Antropologia diante da História, situando a História como problema e a Antropologia como solução. Nesta perspectiva a Antropologia e a ciência que veio para solucionar os problemas da sociedade e da História humana.
      Ao analisarmos determinado acontecimento, como por exemplo: as favelas do Rio de Janeiro e as questões de ordem econômica e social como miséria, violência, desemprego, prostituição, menor infrator entre outros. Iremos identificar na análise histórica um grande problema de ordem social do Estado Democrático de Direito da sociedade contemporânea num recorte temporal e geográfico específico, no caso a favela do Rio na década de 90 do século XX. Já pela análise antropológica, podemos colocar o crescimento destas favelas como uma solução dos problemas do capitalismo e de suas discrepâncias, a antropologia faz uma análise em que a sociedade diante de questões que na História e problema, se torna uma saída, pois as vivências destas famílias na favela seria uma outra cultura, não colocada hierarquicamente, como sub ou inferior da cultura burguesa, pois a antropologia trabalha com uma análise do diferente, as culturas são colocadas como algo a ser analisada com um olhar de quem vivencia esta determinada sociedade, no caso o antropólogo. As diversões e as formas como a sociedade das favelas vivem e um modo diferente de se relacionar, em que as tradições, os costumes, muitos deles vindo de lugares distantes como o Nordeste, continuam a preservar e a incluir no seu novo modo de viver, trazendo consigo suas histórias de vida com todas suas superstições e tradições.
      Diante das análises anteriores podemos entender como o conhecimento humano é complexo e vasto, este e um dos motivos em que o campo de atuação das ciências humanas vem a cada dia ser mais diversificado. Antes tínhamos a Filosofia, depois vieram várias outras ciências e mesmo estas ciências buscam a cada dia se especializar em diferentes temas, deixando de lado análises generalistas e reducionistas. Ao efetuarmos análises históricas e antropológicas devemos sempre recorrer aos especialistas de cada área para que possa chegar ao máximo numa resposta o mais próximo da realidade, sem querer ter a ambição de uma verdade, mas pelo menos não podemos transformar determinadas sociedades e acontecimentos como simples objeto de curiosidade.