quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo."Nietzsche

A vida é mais do que simplesmente sobreviver, o ser humano necessita de algo além da pura e simples sobrevivência. Somos seres dotados de inteligência e de capacidade de destruir mitos e ilusões, somos os únicos seres que tem como base de sua sobrevivência a cultura. Somente o homem tem história, os demais animais nascem e se comportam da mesma maneira em qualquer lugar do planeta em qualquer época. Nós não, quando nascemos entramos num mundo que está em construção, isto nos proporciona a capacidade de criar, viver, acreditar, desacreditar, desconstruir, enfim podemos aceitar este mundo do jeito que é, viver de acordo com a moral vigente ou simplesmente romper com (se quisermos) tudo, nada fica de pé sem que queiramos. A nossa capacidade está muito além de viver uma vida mediocre e com tendência para apenas aceitar e continuar levando a vida como está. As pessoas que não tem um senso crítico da realidade, não conseguem viver além da seu ângulo de visão, muitos são apenas marionetes de pessoas e grupos na qual estão inseridos ou que tem como base a moral destes grupos. viver uma vida autêntica é simplesmente romper com tudo aquilo que te faça ser apenas um ser mediocre, uma vida banalizada na ignorância e na incapacidade de crescer intelectualmente. Ao não aceitarmos esta condição estamos vivendo como qualquer outro animal, que simplesmente vivem por instinto. Somos a própria história, criamos e destruimos a nossa cultura, entramos em contradição a todo momento, erramos, caimos e levantamos. Somos Humano, demasiadamente humano.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A internet como ferramenta de liberdade e transformação



Vivemos no auge da informação, da interação em nível global, a internet e as redes sociais nos proporcionam uma condição jamais vista antes na história humana, em questão de minutos podemos ter acesso a um acervo que antes só era vista por um pequeno grupo privilegiado, bibliotecas como as de Londres, Nova Yorque, Roma, Tóquio, Cairo, enfim qualquer lugar do planeta (atualmente a maioria dos países disponibilizam informações na rede). Afinal de contas podemos ler milhares de livros, artigos, blogs, jornais, admirar obras de arte como pinturas de Monet, Van Gogh, Picasso, Chagall entre outros, grandes livros como as obras de Darwin, Freud, Marx, Nietzsche, Platão entre outros, grandes óperas, músicas em geral, teatro, cinema, enfim quase tudo está na rede mundial de computadores, basta ter interesse e pesquisar. Além de termos acesso a esta imensidade de informações e obras, também podemos criar nossos textos, filmes, músicas , obras em geral. Deixamos de ser somente espectadores e passamos na condição de atores. Basta uma idéia e um acesso ao computador para produzirmos o que quiser, claro com responsabilidade. Nossas ações e palavras têm vez e voz, estamos na direção da história, em questão de pouco tempo podemos sair do anonimato e virar celebridades, basta cair no gosto dos internautas e aquilo que você produzir ter inúmeros acessos. As manifestações ocorridas no Brasil em junho deste ano demonstraram um ator diferente na nossa História, as redes sociais. Acredito que as gerações anteriores sentiam as mesmas revoltas que as atuais, porém as ferramentas desta nova geração é mais dinâmica e democrática, não dependemos de uma estrutura piramidal para que as revoltas aconteçam, além disto é mais fácil para aqueles que detêm o poder romper com as revoltas na condição piramidal. Hoje as revoltas são alastradas na horizontal, as forças são distribuídas em milhares de focos, já não dependemos mais de um líder nato, como Lênin ou Che, somos todos lideres de pequenos núcleos, ao repassar os sentimentos de revolta pelas redes sociais. Esta lógica de poder descentralizado dificulta e se torna impossível para ser quebrada pelos poderosos, afinal onde está a liderança, em todo lugar e a todo momento. Todos são interligados por uma rede que vai se alastrando, quando se acha que rompeu uma parte as outras crescem e interligam novamente. Outra questão, quando há um sentimento de revolta, basta apenas um motivo, mesmo sendo algo aparentemente banal, como um preço alto em algum produto, após esta centelha, a chama se alastra e não há como prever o final, ele não tem mais volta, perde o controle e se torna uma revolta generalizada, basta um click e em questão e minutos o mundo está acompanhando, compartilhando ou repulsando imagens, eventos, acontecimentos. A chamada primavera árabe nada mais é do que este alastramento de uma revolta que estava encubada em cada um ser vivo daqueles países dominados por décadas de ditaduras. O que fez a diferença? A rede social, em poucos meses ditaduras e ditadores que antes eram praticamente imbatíveis caíram como frutas podre no pé.



O brasileiro, mistura de três povos: índigena, africano e português


Ao analisarmos a formação do povo brasileiro, verificamos a união de três povos: índio, português e o africano. O português era o povo que manteve o domínio e escravizou os outros dois principalmente o negro africano. Este domínio fez com que a cultura européia dos portugueses prevalecesse com relação à tradição indígena e a cultura africana, os valores da sociedade burguesa dos portugueses são colocados como avançados e os demais como atrasados. O dominador coloca os seus valores como sendo os “verdadeiros”, mesmo com este domínio, a aculturação é forte e tende a juntar as culturas e numa síntese constrói uma nova cultura, com os valores das culturas de origem e com novos valores que são criados. As questões referentes à raça foram construídas colocando o europeu como a raça mais avançado, o índio e o negro como raças atrasadas. Após séculos de escravidão, domínio e massacres, os povos dominados são jogados na sociedade, passando a ser classificados como classes subalternas, pobres, sem nenhuma perspectiva de vida. Já os herdeiros das famílias dominantes e ricas acabam mantendo uma cruel lógica de domínio e subordinação sobre os demais. Ao serem escravizados e mantidos dominados nas senzalas os negros são tratados como peças, objetos, com o passar do tempo, a relação entre os escravos e os dominadores se tornam cada vez mais estreitas, os laços de afetividade dão uma falsa impressão de uma convivência harmoniosa. Porém diferentemente das análises de Gilberto Freyre, o que houve foi uma convivência de dominador sobre o dominado, a cultura de subserviência prevalece e a falsa impressão de paz, é na verdade uma cultura de dominação que acaba prevalecendo sobre uma cultura de rompimento desta lógica. Na nossa sociedade atual, o brasileiro tem certa fama de viver harmoniosamente branco, negro e indígena. Porém, ao focalizarmos melhor as relações percebemos que nossa sociedade trata o racismo de forma velada, são “brincadeiras”, piadas, convivências forçadas que demonstram o nosso preconceito. Basta verificarmos as estatísticas que percebemos melhor as diferenças em que os negros são tratados diante dos brancos. Na parte inferior da pirâmide social encontra-se a maioria de negros e pardos, enquanto na parte superior o domínio e branco. O primeiro passo para acabar, ou pelo menos diminuir a discriminação contra os negros é reconhecer o pré-conceito e acabar com as situações na qual os brancos tendem a serem privilegiados somente por causa de sua cor, antes de acabarmos com a discriminação devemos diminuir o pré-conceito. 

A escola como reprodutora das desigualdades sociais e legitimadora da pobreza


De acordo com a visão funcionalista a educação durante muito tempo tinha como uma de suas características uma visão otimista, uma análise romântica do processo de ensino aprendizagem. A escola tinha (e em muitas análises ainda tem) como principal foco a ascensão social, a diminuição da pobreza, da desigualdade social, o fim do autoritarismo e a busca de privilégios que antes eram adquiridos somente pela classe dominante. Atualmente esta visão é amplamente divulgada pelo senso comum e pelos grupos políticos. Através desta visão todos terão como mudar as estruturas da classe dominante através do acesso à educação, o conhecimento iria libertar os mais necessitados deste processo vicioso de pobreza. Todos em iguais condições buscam uma vida mais igualitária. Nesta perspectiva a escola estaria na condição de neutralidade, todos competiriam em condições de igualdade. Pierre Bourdieu faz duras críticas ao funcionalismo e busca compreender as relações na educação numa perspectiva cultural. Ele faz uma verdadeira revolução no conhecimento, com uma análise crítica e nova. Enquanto no funcionalismo via-se superação das desigualdades sociais, ascensão social, justiça social, nas análises de Bourdieu passa a ver como reprodução das desigualdades sociais, legitimação da pobreza. De acordo com Bourdieu a educação que era vista como o caminho da superação da desigualdade social passa a ser a legitimadora desta sociedade excludente. Nas suas análises o indivíduo é um ator que se deve temer em consideração os mínimos detalhes, a sua individualidade sem desconsiderar a sua socialização. A vida íntima do indivíduo deve ser levada em consideração. Se de um lado Bourdieu afasta-se do subjetivismo, por outro lado ele critica as abordagens estruturais, definidas por ele como objetiva. Para Bourdieu, o indivíduo ao viver num ambiente familiar, numa estrutura social incorporaria habitus familiares, com isto iria conduzi-lo durante sua vida nos mais diversos ambientes. A palavra habitus evita alguns riscos, referindo-se à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influenciando decisivamente em seu modo de agir, sentir, pensar de forma que se inclinavam a confirmação e a reprodução, mesmo sem ter a consciência Ele nega o caráter autônomo do indivíduo. Apesar de todas as críticas, Bourdieu fez uma análise extremamente importante para a desconstrução de conceitos e visões românticas do processo educacional, a questão cultural deve ser analisada juntamente com as econômicas e sociais. A instituição educacional não é neutra, a idéia de igualdade é quebrada por ele, alguns estariam numa condição mais favorável do que outros, muitas vezes de forma implícita. Ele mostra o domínio da cultura escolar por um grupo dominante. A idéia do mérito pessoal é rompida por uma visão mais problematizada e com fortes influências, discursos da classe dominante, Bourdieu procurou não só analisar as questões macros sociais, mas sim buscar nos micros sociais explicações de suas análises.

A indústria Cultural no Brasil



A sociedade brasileira tem passado por grandes transformações políticas, econômicas e culturais nos últimos 30 anos. A redemocratização proporcionou avanços e retrocessos nas questões relacionadas ao mundo cultural. Como avanços, podemos exemplificar a democratização e a universalização da cultura, estamos vivendo um momento em que todos podem criar e divulgar suas obras artísticas, afinal a internet está a disposição de todos, obras de grandes artistas, músicas praticamente extintas das prateleiras das grandes lojas, eventos culturais que eram para poucos, enfim com as novas tecnologias alavancadas pela internet estamos todos informados sobre praticamente quase tudo da nossa cultura e de todo o mundo. Por outro lado a indústria cultural também se apropriou destas transformações, os nossos valores, a nossa música, as nossas danças, os nossos filmes, teatro, enfim tudo virou mercadoria de consumo. Filmes que são alvos fáceis desta lógica como Tropa de Elite 1 e 2, Se eu fosse você 1 e 2 entre outros transformaram nosso cinema numa máquina de arrecadar dinheiro. Com investimentos altos, inclusive estatais, enquanto a maioria dos filmes passa por dificuldades para conseguir emplacar ou mesmo após a criação tem dificuldades em ser inseridos nas salas de cinema. Há inúmeros filmes em que são produzidos com valores baixos mas com alta qualidade, porém a lógica do capitalismo colocam alguns filmes com praticamente quase todo os investimentos e propagandas, o lucro prevalece sobre a qualidade. Diante deste cenário de democratização, universalização, avanço sem limite da industria cultural, cabe a cada um buscar elementos culturais de boa qualidade, evitando que a propaganda e o marketing prevaleçam sobre os demais.

A construção da nação brasileira


A construção de uma nação está relacionada diretamente com os grandes eventos e os personagens classificados como heróis que em sua maioria são forjados para dar um sentido e uma motivação na construção de uma nação, no Brasil foram classificados como heróis Tiradentes, Duque de Caxias, Zumbi até mesmo figuras controversas como Getúlio Vargas entre outros. Foi justamente no período de Vargas que se criou o personagem Zé Carioca, um exemplo de “malandro” preguiçoso, cachaceiro, trapaceiro e apaixonado por samba. Personagem criado por Walt Disney para que os EUA pudessem manter o Brasil como aliado em plena Segunda Guerra Mundial. Este estereótipo de brasileiro acaba demonstrando uma visão destorcida da diversidade cultural de nossa nação. O Brasil deve ser classificado levando em consideração as suas diferentes culturas, até mesmo em um mesmo espaço geográfico encontramos uma gama enorme de etnias, diferentes povos vindos de várias partes do país, cada um com sua forma de viver. Nesta diversidade é errôneo fazer um modelo de brasileiro, mesmo que o estereótipo do Zé Carioca fosse um autêntico carioca, não poderíamos dar uma definição de representante da nossa nação. Estereótipos como este colocam o brasileiro como sendo malandro, preguiçoso, que acaba se dando bem com as suas tramóias, é o famoso jeitinho brasileiro. O brasileiro é muito mais do que isto, não cabe rotular a todos com estas características, é um povo trabalhador, sofredor, que em muitos casos buscam uma forma de viver autêntica e com ética. Sabemos a importância da cultura na formação da nação, mas também não podemos deixar que estereótipos nos classifiquem de acordo com interesses alheios, ou visões distorcidas de nações dominantes, como os EUA. Não cabe a governos ditadores e países com forte tendência em nos estereotipar como passivo e pacato isto dá uma tranqüilidade para que os mesmos façam da nossa política os interesses próprios e não interesses nacionais. Devemos buscar na diversidade cultural de nosso povo a construção da nossa identidade, mesclar as nossas qualidades, tradições, o nosso sofrimento, nossas riquezas, cultura, religião, música, dança enfim tudo aquilo que possa nos identificar como brasileiros.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os conflitos de identidade dentro dos muros da escola

Os registros orientaram a reorganização dos espaços na EE Coronel João Pedro, em Pedreira (SP). Foto: Marina Piedade
Ao verificarmos os conflitos e as relações de identidades dentro dos muros da escola, percebemos o quanto é fundamental a compreensão e o entendimento de todos os envolvidos neste espaço social. Cabe ao professor e num âmbito mais generalizado, no caso a escola, efetuar trabalhos e buscar dentro da literatura acadêmica a parte teórica que irá dar suporte para o direcionamento dos trabalhos dentro da sala de aula.
É complicado e ao mesmo tempo é a própria essência humana os conflitos de identidade, jamais devemos buscar demonizar algumas identidades e colocar outras como o centro das atenções. A construção das identidades se deve na relação dia-a-dia entre alunos-alunos, alunos-professor.
A relação entre estas identidades geram novas identidades que são frutos da síntese das identidades em conflitos, a escola neste ponto se torno um local singular. As lutas destes diferentes grupos culturais e sociais em muitos casos acontecem de forma violenta ou discriminatória, com repercussões que ultrapassam a instituição educacional e reverbera nas relações extraclasses, pois há uma tentativa de sobrepor determinados grupos com relação a outros, há uma discriminação por parte de grupos considerados minoritários.
A escola não pode fugir destas questões, os dilemas e perguntas que surgem nesta relação devem ser discutidas e evidenciadas pelo professor, a escola apesar de não estar totalmente preparada para estas discussões, deve buscar colocar no seu quadro de disciplinas trabalhos, palestras, seminários e eventos que se não conseguirem acabar com as discriminações, pelo menos cria um início de mudanças que em muitos casos são estruturais.
Não somente a escola mas também os trabalhos que são na esfera de governos federais, mudanças nas leis, campanhas educativas, proteção para os grupos minoritários, enfim a busca de mudanças devem pautar-se numa relação mais ampla.
Os professores e profissionais na área educacional devem entender que eles não irão acabar com os problemas, nem muito menos mudar a realidade, porém devem compreender que uma das instituições que são essenciais para o início das transformações sociais é a educação, o espaço educacional é um dos pilares da manutenção ou transformação da cultura atualmente, sendo a principal e com maior competência para trabalhar estes temas, não significando que irá resolver, mas que todos possam viver em harmonia e ao mesmo tempo em sintonia o diferente.
Cabe ao professor identificar os próprios gostos e preferências, conhecer habilidades, limites, frustrações, angústias, sonhos, reconhecer como cada aluno é um indivíduo único, no meio de tantos outros que são também únicos. Este processo busca um autoconhecimento dos professores e também de cada um dos alunos, por isto é fundamental o conhecimento da história de vida de todos os envolvidos neste cenário, deste o nascimento até os dias atuais. Cabe a escola o papel fundamental na construção das identidades e na autonomia de cada um dos alunos.
O espaço escolar se torna de fundamental importância na mudança das atitudes, afinal é o ambiente propicio para os questionamentos, as mudanças de mentalidade e culturalmente, buscando transformar os alunos em cidadãos que respeitam e convivem harmoniosamente com os seus semelhantes, é neste ambiente de aprendizagem que se desconstrói inúmeros equívocos históricos, na qual o preconceito, a discriminação, o racismo acontece descaradamente e muitos casos velado. Devemos como professor a colocação de um modelo de ser humano que queremos ver na construção de nossa sociedade.
Conforme analisou Gramsci a educação é uma das instituições que é de fundamental importância para as mudanças estruturais de nossa sociedade, segundo este pensador, os governos não conseguiriam fazer estas mudanças, devido a contaminação por parte de ideologias dominantes.
Mesmo a escola sendo um instrumento de dominação dos poderosos, e na sua relação cotidiana que crescerá o início das mudanças, em alguns casos será lenta, porém constante.
 Em muitos casos poderemos perceber com mais rapidez, não podemos esquecer das grandes mudanças que estão em voga devido as novas formas de comunicação e rede sociais, algo impensável está acontecendo como por exemplo: as revoltas contra governos ditatórias no Norte da África e Oriente Médio, conflitos na qual foram conhecidos como primavera árabe, além das revoltas na Europa por causa da crise econômica e as de junho no Brasil. Todas estas revoltas tem em comum a questão das novas mídias, as novas formas de comunicação no caso as redes sociais.
A escola entra neste processo, pois afinal de contas a maioria dos alunos já estão inseridos nesta nova forma de convivência, as coisas se tornaram dinâmicas e rápidas, os professores que não se renovarem tanto na questão do conhecimento, quanto na didática irá sofrer para conseguir lecionar.
Não basta deter o conhecimento das novas identidades, mas também compreender a forma na qual elas se interagem e os novos meios em que são dissipadas e vivenciadas. Já não podemos falar de grupos isolados com identidades próprias, mas uma mescla de vivência.


A sociedade pós moderna e as transformações na sala de aula

A sociedade pós-moderna está passando por grandes transformações nas suas inúmeras concepções, a escola não poderia ficar de fora, afinal ela é um dos pilares da construção da humanidade. O que nos diferenciam dos demais seres vivos é a capacidade de construirmos nossa história e através dela podemos ensinar os demais seres humanos os nossos conhecimentos, com isto disseminamos nossas habilidades e construímos uma sociedade com maior capacidade de sobreviver neste mundo repleto de conflitos, dificuldades e obstáculos.
A sociedade atual está num processo de mudança rápida na sua concepção, os pilares dessa sociedade que são a família, a escola, a igreja, os partidos políticos entre outros, buscam se ajustarem dentro desta rapidez, conforme esta gama de concepção enquanto seres que necessitam de uma unidade para sobreviverem. Crescem a todo o momento as chamadas tribos urbanas, são grupos de pessoas que passam a se identificarem uns com os outros através das roupas, forma de andar, músicas, religião entre outros, estas tribos buscam se afirmarem e tentam ganhar espaço a todo o momento, mesmo que para isto passam a discriminar e atacar os demais grupos, um exemplo que está em evidencia são os chamados neo-nazistas, grupos que pregam o ódio e a discriminação de outros grupos como os negros, índios, nordestinos, homossexuais e mulheres.   
 Como a escola está inserida neste contexto, as diferenças entre cada um dos alunos são evidenciadas através das falas, formas de andar, danças, roupas, gírias e nas suas conversas e reuniões entre os grupos, que na sua maioria tem uma forte tendência a seguir os grupos de fora dos muros da escola.
As identidades destes grupos são colocadas em conflitos ao se agruparem em um mesmo local, no caso a escola, as diferenças são evidenciadas e os choques de interesse são cada vez mais destacados. E é justamente neste ambiente em que se agrupam estas turmas que os professores e os demais integrantes da escola tem um papel fundamental. Como conseguir uma unidade, uma síntese deste multiculturalismo dentro de um ambiente tão conflitante que são as salas de aula.
Ao compreendermos este conflito, podemos nos colocar como árbitros desta situação, mostrando que é normal sermos diferentes uns dos outros, não podemos jamais querer que o outro seja igual a cada um de nós. Somos tão diferentes que buscamos nos unir para nos firmarmos como um grupo, para que possamos nos comunicar e demonstrar nossas angústias e concepções de vida. Vivemos tão intensamente nossas diferenças que necessitamos de alguém para nos desabafar e colocar nossos questionamentos para que possamos viver em harmonia conosco e com os outros.
Esta sociedade líquida busca nas suas inúmeras formas de se relacionar, uma maneira de conseguir se sobressair diante dos dilemas em que a humanidade se encontra. Como sobreviver na riqueza e a extrema pobreza, como conciliarmos o crescimento acelerado de nossa forma de viver e a conservação do meio ambiente, como viver em paz se a cada momento estamos construindo mais armas e de alta tecnologia, como curar doenças que são mortíferas e ao mesmo tempo não conseguimos ter uma vida saudável,  como entender o outro se não conseguimos entender a nós mesmos.
Vivemos numa sociedade egoísta e consumista, avaliamos o outro não pelo seu caráter, mas pelos seus bens materiais, julgamos pela aparência, buscamos grupos que nos possam dar algo material, mesmo que seja ilusão. Estes dilemas são refletidos na sala de aula, os grupos minoritários são discriminados e deixados de lado, os alunos buscam se juntarem com grupos que lhes dão evidência, evitam com isto aqueles grupos na qual tem que lutar para sobreviver, são poucos aqueles que continuam a lutar pela sua identidade, afinal a humilhação, os conflitos e as conseqüências são muito doloridas. Desta forma grupos que são de caráter majoritário, que estão em evidência na mídia, são colocados como  exemplos a serem seguidos. A tradição, os costumes e os grupos minoritários são jogados a margem desta sociedade. Infelizmente nossa sociedade está a todo instante se massificando, estamos saindo de uma sociedade heterogênea para uma homogênea, na qual a forma de vida capitalista está prevalecendo sobre os grupos minoritários.
   Cabe aos professores, se não podem evitar esta tendência, pelo menos expor e mostrar aos alunos as diferenças e as diversas formas de identidades, que todos não podem ser hierarquizados, mas sim viverem com respeito mútuo.

Pós modernidade conturbada: Bauman e o conceito de Modernidade Líquida


Dentro da pós modernidade a questão da identidade é profundamente afetada nas relações pessoais dentro das culturas em todo o planeta. Diante da rapidez das mudanças que estão em voga, principalmente através das novas tecnologias, as identidades sofrem grandes transformações, já não podemos falar em culturas intocáveis, ou preservação total de uma determinada etnia. Diretamente ou indiretamente através de guerras, política e degradação do meio ambiente as diversas culturas estão a todo momento num processo de transformação.
Mesmo aquelas etnias que estão isoladas da sociedade industrializada e que em muitos casos nunca tiveram contatos com o homem branco sofrem influências de nossa cultura que a cada dia está mais global. Conforme as análises de Stuart Hall houve uma profunda crise na questão da identidade no período da pós-modernidade.
 Seguindo as análises de Hall, ao longo da história podemos observar um deslocamento da concepção de sujeito com identidade definida, como no período iluminista com forte tendência na racionalidade, buscando na concepção racional uma essência da sua identidade. Num segundo momento surge o sujeito sociológico, sendo um sujeito com forte ligação com o meio social em que vive, a sociedade está ligada diretamente com a sua identidade.
Já no momento atual o sujeito pós-moderno é definido como alguém que não tem uma identidade própria, uma definição exata de sua concepção enquanto sujeito social. Bauman refere como uma sociedade líquida a atual fase em que passa a  sociedade pós moderna. As nossas identidades sociais, culturais e religiosas entre outras não são mais rígidas, nosso pertencimento se tornou flexível e diversificado, os valores que antes eram tidos como imutáveis se tornaram frágeis e flexíveis. Passamos de uma sociedade em que os valores que antes eram inegociáveis para uma de valores negociáveis.
Ninguém escapa desta diversidade cultural, somos todos de uma intensidade menor ou maior de pertencimento a várias culturas e identidades. Um bom exemplo seria algo como: um rapaz é filho de um descendente de escravos vindos do Benin no continente  africano, a mãe é descendente de Italianos. Ele gosta de usar rastafári da cultura jamaicana, gosta de escutar músicas do U2 uma banda irlandesa, assiste filmes hollywoodianos norte americano, tem tapetes fabricados no Irã, toma chimarrão da cultura do sul da América do sul, fuma um charuto cubano, usa um cachecol de palavra francesa que surgiu em Roma, anda num carro fabricado na Alemanha, montado no Brasil, com peças do Japão, gosta de almoçar num restaurante chinês e namora uma argentina.
                        Com toda esta diversidade buscamos encontrar uma razão de nos mantermos pertencentes a um grupo determinado. Vivemos a todo o momento procurando uma razão e uma forma de nos adaptarmos a nossa realidade conturbada e diversificada.
                        As relações estão a cada momento sendo colocadas em movimento, a informatização e os meios eletrônicos nos colocam dilemas nunca antes imaginados, através das redes sociais e da rede mundial de computadores, podemos em questões de minutos termos acesso a diferentes culturas e diferentes formas de pensamento que antes era praticamente impossível.

De acordo com Bauman a nossa cultura ocidental está diluindo como a água que se escorre das nossas mãos, sendo impossível detê-la. Não há nada permanente, as pessoas estão a cada dia em constante mudança, as mudanças na forma de se relacionar, no lado profissional, nos casamentos, concepções de família, religião e comunicação estão a todo momento num movimento constante. As mudanças se tornaram tão freqüentes que em muitos casos não percebemos, é como se estivéssemos em alta velocidade num trem e já não percebemos mais as mudanças, pois estamos inseridos dentro dela, isto explica a dificuldade de gerações mais antigas de se adaptarem a essas mudanças, enquanto as gerações mais novas não vê problema no que está ocorrendo.
A identidade encontra nesta sociedade um dinamismo que reflete diretamente na diversidade cultural, esta sociedade busca através de uma interação entre os diversos grupos culturais uma forma de pensar e de auto afirmação mesmo sofrendo um aculturamento. Questões referentes a linguagem, participações em certos eventos, busca por mudanças na própria estrutura da sociedade, modos de vestir, de se relacionar com o outro, o diferente está colocando a identidade como um tema em debate em todos os campos do saber.
Ao longo da nossa história podemos observar o quanto o tema da identidade tem criado grandes dilemas no campo das ciências humanas.  Os avanços das novas tecnologias e a descrença na sociedade moderna tiram da sociedade contemporânea o seu local de segurança nas grandes transformações que estão em andamento. Esta mesma sociedade que está apreensiva das transformações que estão ocorrendo buscam uma melhor compreensão das identidades.
Aqueles valores que antes eram tidos como imutáveis, seguros e resistentes a mudanças agora encontram-se num dilema, como se auto afirmar e ao mesmo tempo se aproximar e relacionar com povos tão diferentes com objetivos tão diversos.
          


A Globalização e a Pós-modernidade: conceitos controversos


O conceito de Pós-modernidade é bastante discutido nos vários círculos acadêmicos e entre os intelectuais em todo o mundo. Questões relativas à arte, cultura, literatura e sociologia são freqüentemente associada à Pós-modernidade.
Este conceito está relacionado diretamente com alguns fatos marcantes do século XX como o movimento da contra cultura, o feminismo, questões ecológicas e ambientais, religião, sexualidade entre outros, o mundo que antes tinha se pautado em uma racionalidade, em que o homem poderia encontrar a paz, a vida longa, a felicidade com a ajuda da ciência, o progresso, como dizia Comte, se vê frustrado diante das atrocidades da primeira e principalmente da segunda guerra mundial. A ciência e a racionalidade ao invés de levar ao progresso e a paz quase levou a humanidade a um auto-extermínio, a razão da modernidade estava dando lugar ao ceticismo da pós-modernidade. Tendo como um dos principais fatores a desvalorização das questões ideológicas referentes ao período da modernidade, houve uma crise das ideologias que estavam em voga até o século XX.
Os intelectuais e grandes estudiosos do assunto não conseguem chegar num consenso quanto a questão de quando começou a pós-modernidade e para muitos a modernidade não acabou. A pós-modernidade é o rompimento do período moderno, sendo o divisor de água entre os períodos recentes. O afastamento histórico é um dos complicadores no estudo deste conceito, quanto mais afastado no tempo em que estamos estudando melhor é a interpretação, a aproximação histórica nos condiciona e nos coloca explicações com influência forte da parcialidade. Quanto mais distante menos parcial seremos ao analisar os períodos históricos estudados.
As mudanças que ocorreram neste período são profundas e sendo a globalização um novo marco da sociedade mundial. Afinal jamais na História o mundo esteve tão interagido e as informações estão a cada dia mais rápidas e democráticas.
A globalização é um marco na história atual, apesar de alguns analistas colocarem como sendo um processo que se iniciou no século XIV com as descobertas e as grandes navegações principalmente por Portugal e Espanha, o mundo naquela época deixava de ser apenas Europa-Ásia para se expandir em todo o globo terrestre. Porém jamais tivemos algo parecido com o que está ocorrendo desde a segunda guerra mundial, nunca antes os países do globo estiveram tão integrados economicamente e socialmente. Através desta integração governos, pessoas e empresas estão efetuando transações financeiras, comerciais e pessoais, a internet através das redes sociais está a cada dia diminuindo a barreira da comunicação, fazemos parte de uma verdadeira Aldeia Global encurtando barreiras das distâncias e transformando as relações culturais através de uma grande interação e um processo de aculturação em todo o globo terrestre, quase todas as culturas existentes tem alguma forma de ligação com as demais.