Dentro da pós modernidade a questão da identidade é profundamente afetada nas relações
pessoais dentro das culturas em todo o planeta. Diante da rapidez das mudanças
que estão em voga, principalmente através das novas tecnologias, as identidades
sofrem grandes transformações, já não podemos falar em culturas intocáveis, ou
preservação total de uma determinada etnia. Diretamente ou indiretamente
através de guerras, política e degradação do meio ambiente as diversas culturas
estão a todo momento num processo de transformação.
Mesmo aquelas etnias que estão isoladas da
sociedade industrializada e que em muitos casos nunca tiveram contatos com o
homem branco sofrem influências de nossa cultura que a cada dia está mais
global. Conforme as análises de Stuart Hall houve uma profunda crise na questão
da identidade no período da pós-modernidade.
Seguindo as análises de Hall, ao longo da
história podemos observar um deslocamento da concepção de sujeito com
identidade definida, como no período iluminista com forte tendência na
racionalidade, buscando na concepção racional uma essência da sua identidade.
Num segundo momento surge o sujeito sociológico, sendo um sujeito com forte
ligação com o meio social em que vive, a sociedade está ligada diretamente com
a sua identidade.
Já no momento atual o sujeito pós-moderno é
definido como alguém que não tem uma identidade própria, uma definição exata de
sua concepção enquanto sujeito social. Bauman refere como uma sociedade líquida a atual fase em que passa a sociedade pós moderna. As nossas identidades
sociais, culturais e religiosas entre outras não são mais rígidas, nosso pertencimento
se tornou flexível e diversificado, os valores que antes eram tidos como
imutáveis se tornaram frágeis e flexíveis. Passamos de uma sociedade em que os
valores que antes eram inegociáveis para uma de valores negociáveis.
Ninguém escapa desta diversidade cultural, somos
todos de uma intensidade menor ou maior de pertencimento a várias culturas e
identidades. Um bom exemplo seria algo como: um rapaz é filho de um descendente
de escravos vindos do Benin no continente
africano, a mãe é descendente de Italianos. Ele gosta de usar rastafári
da cultura jamaicana, gosta de escutar músicas do U2 uma banda irlandesa,
assiste filmes hollywoodianos norte americano, tem tapetes fabricados no Irã, toma
chimarrão da cultura do sul da América do sul, fuma um charuto cubano, usa um cachecol
de palavra francesa que surgiu em Roma, anda num carro fabricado na Alemanha,
montado no Brasil, com peças do Japão, gosta de almoçar num restaurante chinês
e namora uma argentina.
Com toda esta diversidade
buscamos encontrar uma razão de nos mantermos pertencentes a um grupo
determinado. Vivemos a todo o momento procurando uma razão e uma forma de nos
adaptarmos a nossa realidade conturbada e diversificada.
As relações estão a cada
momento sendo colocadas em movimento, a informatização e os meios eletrônicos
nos colocam dilemas nunca antes imaginados, através das redes sociais e da rede
mundial de computadores, podemos em questões de minutos termos acesso a
diferentes culturas e diferentes formas de pensamento que antes era
praticamente impossível.
De acordo com Bauman a nossa cultura
ocidental está diluindo como a água que se escorre das nossas mãos, sendo
impossível detê-la. Não há nada permanente, as pessoas estão a cada dia em
constante mudança, as mudanças na forma de se relacionar, no lado profissional,
nos casamentos, concepções de família, religião e comunicação estão a todo
momento num movimento constante. As mudanças se tornaram tão freqüentes que em
muitos casos não percebemos, é como se estivéssemos em alta velocidade num trem
e já não percebemos mais as mudanças, pois estamos inseridos dentro dela, isto
explica a dificuldade de gerações mais antigas de se adaptarem a essas
mudanças, enquanto as gerações mais novas não vê problema no que está ocorrendo.
A identidade encontra nesta sociedade um
dinamismo que reflete diretamente na diversidade cultural, esta sociedade busca
através de uma interação entre os diversos grupos culturais uma forma de pensar
e de auto afirmação mesmo sofrendo um aculturamento. Questões referentes a
linguagem, participações em certos eventos, busca por mudanças na própria
estrutura da sociedade, modos de vestir, de se relacionar com o outro, o
diferente está colocando a identidade como um tema em debate em todos os campos
do saber.
Ao longo da nossa história podemos observar o
quanto o tema da identidade tem criado grandes dilemas no campo das ciências
humanas. Os avanços das novas
tecnologias e a descrença na sociedade moderna tiram da sociedade contemporânea
o seu local de segurança nas grandes transformações que estão em andamento.
Esta mesma sociedade que está apreensiva das transformações que estão ocorrendo
buscam uma melhor compreensão das identidades.
Aqueles valores que antes eram tidos como
imutáveis, seguros e resistentes a mudanças agora encontram-se num dilema, como
se auto afirmar e ao mesmo tempo se aproximar e relacionar com povos tão
diferentes com objetivos tão diversos.
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