domingo, 1 de dezembro de 2013

Os conflitos de identidade dentro dos muros da escola

Os registros orientaram a reorganização dos espaços na EE Coronel João Pedro, em Pedreira (SP). Foto: Marina Piedade
Ao verificarmos os conflitos e as relações de identidades dentro dos muros da escola, percebemos o quanto é fundamental a compreensão e o entendimento de todos os envolvidos neste espaço social. Cabe ao professor e num âmbito mais generalizado, no caso a escola, efetuar trabalhos e buscar dentro da literatura acadêmica a parte teórica que irá dar suporte para o direcionamento dos trabalhos dentro da sala de aula.
É complicado e ao mesmo tempo é a própria essência humana os conflitos de identidade, jamais devemos buscar demonizar algumas identidades e colocar outras como o centro das atenções. A construção das identidades se deve na relação dia-a-dia entre alunos-alunos, alunos-professor.
A relação entre estas identidades geram novas identidades que são frutos da síntese das identidades em conflitos, a escola neste ponto se torno um local singular. As lutas destes diferentes grupos culturais e sociais em muitos casos acontecem de forma violenta ou discriminatória, com repercussões que ultrapassam a instituição educacional e reverbera nas relações extraclasses, pois há uma tentativa de sobrepor determinados grupos com relação a outros, há uma discriminação por parte de grupos considerados minoritários.
A escola não pode fugir destas questões, os dilemas e perguntas que surgem nesta relação devem ser discutidas e evidenciadas pelo professor, a escola apesar de não estar totalmente preparada para estas discussões, deve buscar colocar no seu quadro de disciplinas trabalhos, palestras, seminários e eventos que se não conseguirem acabar com as discriminações, pelo menos cria um início de mudanças que em muitos casos são estruturais.
Não somente a escola mas também os trabalhos que são na esfera de governos federais, mudanças nas leis, campanhas educativas, proteção para os grupos minoritários, enfim a busca de mudanças devem pautar-se numa relação mais ampla.
Os professores e profissionais na área educacional devem entender que eles não irão acabar com os problemas, nem muito menos mudar a realidade, porém devem compreender que uma das instituições que são essenciais para o início das transformações sociais é a educação, o espaço educacional é um dos pilares da manutenção ou transformação da cultura atualmente, sendo a principal e com maior competência para trabalhar estes temas, não significando que irá resolver, mas que todos possam viver em harmonia e ao mesmo tempo em sintonia o diferente.
Cabe ao professor identificar os próprios gostos e preferências, conhecer habilidades, limites, frustrações, angústias, sonhos, reconhecer como cada aluno é um indivíduo único, no meio de tantos outros que são também únicos. Este processo busca um autoconhecimento dos professores e também de cada um dos alunos, por isto é fundamental o conhecimento da história de vida de todos os envolvidos neste cenário, deste o nascimento até os dias atuais. Cabe a escola o papel fundamental na construção das identidades e na autonomia de cada um dos alunos.
O espaço escolar se torna de fundamental importância na mudança das atitudes, afinal é o ambiente propicio para os questionamentos, as mudanças de mentalidade e culturalmente, buscando transformar os alunos em cidadãos que respeitam e convivem harmoniosamente com os seus semelhantes, é neste ambiente de aprendizagem que se desconstrói inúmeros equívocos históricos, na qual o preconceito, a discriminação, o racismo acontece descaradamente e muitos casos velado. Devemos como professor a colocação de um modelo de ser humano que queremos ver na construção de nossa sociedade.
Conforme analisou Gramsci a educação é uma das instituições que é de fundamental importância para as mudanças estruturais de nossa sociedade, segundo este pensador, os governos não conseguiriam fazer estas mudanças, devido a contaminação por parte de ideologias dominantes.
Mesmo a escola sendo um instrumento de dominação dos poderosos, e na sua relação cotidiana que crescerá o início das mudanças, em alguns casos será lenta, porém constante.
 Em muitos casos poderemos perceber com mais rapidez, não podemos esquecer das grandes mudanças que estão em voga devido as novas formas de comunicação e rede sociais, algo impensável está acontecendo como por exemplo: as revoltas contra governos ditatórias no Norte da África e Oriente Médio, conflitos na qual foram conhecidos como primavera árabe, além das revoltas na Europa por causa da crise econômica e as de junho no Brasil. Todas estas revoltas tem em comum a questão das novas mídias, as novas formas de comunicação no caso as redes sociais.
A escola entra neste processo, pois afinal de contas a maioria dos alunos já estão inseridos nesta nova forma de convivência, as coisas se tornaram dinâmicas e rápidas, os professores que não se renovarem tanto na questão do conhecimento, quanto na didática irá sofrer para conseguir lecionar.
Não basta deter o conhecimento das novas identidades, mas também compreender a forma na qual elas se interagem e os novos meios em que são dissipadas e vivenciadas. Já não podemos falar de grupos isolados com identidades próprias, mas uma mescla de vivência.


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