segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A escola como reprodutora das desigualdades sociais e legitimadora da pobreza


De acordo com a visão funcionalista a educação durante muito tempo tinha como uma de suas características uma visão otimista, uma análise romântica do processo de ensino aprendizagem. A escola tinha (e em muitas análises ainda tem) como principal foco a ascensão social, a diminuição da pobreza, da desigualdade social, o fim do autoritarismo e a busca de privilégios que antes eram adquiridos somente pela classe dominante. Atualmente esta visão é amplamente divulgada pelo senso comum e pelos grupos políticos. Através desta visão todos terão como mudar as estruturas da classe dominante através do acesso à educação, o conhecimento iria libertar os mais necessitados deste processo vicioso de pobreza. Todos em iguais condições buscam uma vida mais igualitária. Nesta perspectiva a escola estaria na condição de neutralidade, todos competiriam em condições de igualdade. Pierre Bourdieu faz duras críticas ao funcionalismo e busca compreender as relações na educação numa perspectiva cultural. Ele faz uma verdadeira revolução no conhecimento, com uma análise crítica e nova. Enquanto no funcionalismo via-se superação das desigualdades sociais, ascensão social, justiça social, nas análises de Bourdieu passa a ver como reprodução das desigualdades sociais, legitimação da pobreza. De acordo com Bourdieu a educação que era vista como o caminho da superação da desigualdade social passa a ser a legitimadora desta sociedade excludente. Nas suas análises o indivíduo é um ator que se deve temer em consideração os mínimos detalhes, a sua individualidade sem desconsiderar a sua socialização. A vida íntima do indivíduo deve ser levada em consideração. Se de um lado Bourdieu afasta-se do subjetivismo, por outro lado ele critica as abordagens estruturais, definidas por ele como objetiva. Para Bourdieu, o indivíduo ao viver num ambiente familiar, numa estrutura social incorporaria habitus familiares, com isto iria conduzi-lo durante sua vida nos mais diversos ambientes. A palavra habitus evita alguns riscos, referindo-se à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influenciando decisivamente em seu modo de agir, sentir, pensar de forma que se inclinavam a confirmação e a reprodução, mesmo sem ter a consciência Ele nega o caráter autônomo do indivíduo. Apesar de todas as críticas, Bourdieu fez uma análise extremamente importante para a desconstrução de conceitos e visões românticas do processo educacional, a questão cultural deve ser analisada juntamente com as econômicas e sociais. A instituição educacional não é neutra, a idéia de igualdade é quebrada por ele, alguns estariam numa condição mais favorável do que outros, muitas vezes de forma implícita. Ele mostra o domínio da cultura escolar por um grupo dominante. A idéia do mérito pessoal é rompida por uma visão mais problematizada e com fortes influências, discursos da classe dominante, Bourdieu procurou não só analisar as questões macros sociais, mas sim buscar nos micros sociais explicações de suas análises.

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