domingo, 14 de julho de 2013

O louco sempre é o outro



O que é a loucura? Quem são os loucos? Quem são os normais?

Todas estas perguntas não são fáceis de responder, o tema loucura é estudado a milhares de anos em diferentes sociedades.
Foucalt, no livro História da Loucura, analisa os discursos da loucura ao longo do tempo, segundo ele o conceito de loucura já teve inúmeras interpretações. Porém no século XVII que houve uma revolução na interpretação do mesmo. Até este século a loucura estava associada ao místico, o desconhecido. Neste século houve uma redefinição deste conceito, a loucura passou a ser a desrazão, tudo aquilo que não era compreendido pela razão era loucura.  O discurso da racionalidade passou a ter uma saída para a incompreensão. Foucalt busca com isto mostrar a história da razão sobre a desrazão, impondo à desordem e ao desvio. 
Os famosos manicômios e hospícios são instituições criadas para abrigar os ditos loucos e com isto criamos uma dicotomia entre aqueles que são loucos ( e que deveriam estar nestes locais) e os normais (que deveriam estar fora). O principal objetivo da criação destes locais é para que possamos classificar que somos normais, afinal de contas não estamos lá dentro, quem está lá é que são loucos.
Durante todo o período em que existiram os famosos manicômios, todos aqueles que eram "indesejados" pela sociedade eram jogados nestes locais, ali eles apodreciam, as condições de vida eram sub humanas.
Sempre apontamos o que é normal e o que é loucura, classificamos as pessoas, as atitudes, os comportamentos, as opiniões, enfim tudo aquilo que vai de encontro com as nossas convicções são passados para a categoria dos loucos.
A ignorância e o fanatismo classificam as pessoas de acordo com os interesses de um determinado grupo, ao buscar uma justificativa para eliminar estes indesejáveis buscamos tirar de nossos ombros um peso que criamos e que não sabemos lidar. É muito fácil apontar e condenar, mas não conseguimos pensar e analisar os comportamentos que não aceitamos. O diferente não é loucura é apenas diferente, o problema não está na diferença, mas na capacidade de aceitarmos os outros. Buscamos justificar e colocar todos numa classificação que é ditado por alguns fanáticos e ignorantes, o pior é que muitos ainda o seguem.
A loucura e a normalidade são pontos de vistas da nossa imensa diversidade cultural, muitos tentam padronizar nossas ações e opiniões, esquecendo de que somos seres humanos e a nossa principal característica é a nossa cultura, ou melhor nossas culturas. O que nos diferencia dos demais animais é a nossa capacidade de mudarmos a todo tempo, somos seres culturalmente diferentes.
Uma vez escutei de um professor uma frase que achei fantástico, ele dizia mais ou menos assim:
"Nós seres humanos podemos romper com qualquer coisa, nada permanece se não queremos". Eu compartilho desta opinião, não vamos ficar "sentados no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar" como dizia o poeta Raul Seixas.
Se a loucura for o oposto desta sociedade consumista, gananciosa, maldosa, egoísta, mediocre e ignorante, EU PREFIRO QUE ME CHAMEM DE LOUCO.

Segue abaixo um trecho de um manicômio de Barbacena que funcionou de 1903 a 1980. A reportagem completa está no site abaixo.

“Milhares de mulheres e homens sujos, de cabelos desgrenhados e corpos esquálidos cercaram os jornalistas. (...) Os homens vestiam uniformes esfarrapados, tinham as cabeças raspadas e pés descalços. Muitos, porém, estavam nus. Luiz Alfredo viu um deles se agachar e beber água do esgoto que jorrava sobre o pátio. Nas banheiras coletivas havia fezes e urina no lugar de água. Ainda no pátio, ele presenciou o momento em que carnes eram cortadas no chão. O cheiro era detestável, assim como o ambiente, pois os urubus espreitavam a todo instante”. 
Esta narração aconteceu no manicômio de Barbacena em Minas Gerais em 1961, foi tirada da reportagem: Holocausto brasileiro: 60 mil morreram em manicômio de Minas Gerais, de Renan Truffi IG São Paulo 12/07/2013 site: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mg/2013-07-12/holocausto-brasileiro-60-mil-morreram-em-manicomio-de-minas-gerais.html

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Carpe diem




Carpe Diem é uma frase em latim que significa colha o dia ou aproveite o momento. 
Já parou para pensar o quanto nossa sociedade é metódica, disciplinada, moralista e superficial? Somos disciplinados desde a maternidade, nossas atitudes são monitoradas e regradas a todo momento. Somos cobrados desde criança as notas na escola, a profissão que devemos seguir, a religião que devemos professar, os livros, as músicas, os lugares para se divertir, as pessoas que devemos conversar, os programas de televisão que são "bons" e enfim toda a nossa trajetória de vida é monitorada e avaliada de acordo com um moral decadente burguesa, cristã, capitalista e ocidental. 
Nossa moral nos coloca quais as profissões que devemos fazer e quais que admiramos mais não podemos fazer.  Vivemos na ditadura da moda, na qual somos induzidos a vestir determinadas roupas em determinados locais só para manter "a pose". Vivemos na ditadura da etiqueta, devemos saber quais talheres são apropriados para se alimentar em determinados momentos. Devemos assistir e se divertir de acordo com a moral burguesa de nossa sociedade.
Sempre nos falam o que é bom para nós, mas esquecem de perguntar o que é bom para você. Afinal de contas somos seres únicos e culturalmente não temos outro ser nem parecido. Se a felicidade é subjetiva e somos seres únicos, como podem padronizar a diversão? Por que devemos seguir o que a maioria faz?  Muitos dirão: mas você pode fazer o que quiser. Com certeza, mas o peso da escolha faz com que a maioria nem inicie algo diferente do que é ditado.
Como se desprender das correntes que nos aprisionam? Como seguir uma profissão, escutar as músicas, sair para se divertir ou simplesmente se alimentar sem ser questionado?
Não se pode nem ficar calado refletindo ou ficar triste que logo vem alguém é diz: Você não está bem. As pessoas são obrigadas a estar bem o tempo todo, a sorrir, a aplaudir, a conversar enfim somos mais obrigados a fazer determinadas coisas e nossa vontade acaba ficando de lado.
Então e o Carpe Diem?
A felicidade é um conceito filosófico muito complexo, afinal o que determina nossa felicidade, ou melhor o que é a felicidade?
Faça aquilo que te der prazer, o prazer em viver coisas únicas. Viver o momento, não sair de forma infantil fazendo coisas que são colocadas em filmes norte-americanos como exemplos. Mas viver os detalhes de sua vida, aproveitar os momentos com a sua família, degustar os alimentos da sua vó, aproveitar os bons filmes que você escolheu para assistir, sair e enfim viver cada momento sem se preocupar tanto com o que os outros irão dizer, ou com a opinião alheia.
Colha o dia, imagine que cada dia é único, não deixe sua vida cair numa rotina. 
Busque a felicidade em tudo, não somente em coisas grandiosas.