domingo, 8 de março de 2015

Dia internacional das mulheres, uma luta por direitos


"No dia 8 de março de 1857, em uma fábrica de tecidos de Nova York, operárias decidiram fazer greve para reivindicar melhores condições de trabalho, pois cumpriam jornada de 16 horas diárias. Elas também pediam equiparação salarial com os homens, que chegavam a ganhar três vezes mais exercendo a mesma função. A greve, porém, não foi bem sucedida. Como forma de represália, a polícia trancou as mulheres dentro da fábrica e ateou fogo. Mais de 100 delas morreram carbonizadas."http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2015/03/08/dia-internacional-da-mulher-a-luta-continua/
Devemos sempre lembrar desta data não simplesmente comemorando com abraços, beijos, presentes e homenagens, mas principalmente sobre questões e reflexões sobre as condições sociais, psicológicas e culturais destas mulheres ao longo da História e atualmente, buscando melhores caminhos que devem ser trilhados para o futuro próximo. Jamais excluindo-as de direitos e principalmente eliminar qualquer discriminação por questão de gênero.
Alguns fatos históricos merecem destaque: podemos perceber que até o meio do século XX, a mulher esteve sob a dominação masculina em quase todos os aspectos, sendo considerado um ser inferior e tendo papel secundário na sociedade e na família, como por exemplo a de cuidar da casa e dos filhos,  ficando a vida pública a cargo do homem. A nossa sociedade foi construída sob os pilares do machismo, do patriarcalismo e da submissão delas diante deles. Sendo totalmente excluídas das coisas básicas e fundamentais atualmente para a construção e formação humana, como a educação, o direito a liberdade de expressão, de votar e ser votada, direito de querer casar e com quem elas quiserem, direito de ter ou não filhos, direito de ir e vir, direito de se vestir da forma que acharem melhor, direito de se relacionar com pessoas do mesmo sexo, direito de escolher suas profissões, direito de ser candidata a qualquer cargo político ou privado, enfim elas foram “escravizadas” e dominadas pelo homem.
Apesar de todas as conquistas democráticas e de liberdade ao longo de nossa história, como as Revoluções Americana, Francesa, Inglesa, o Iluminismo entre outros tantos, podemos ver claramente o atraso dos avanços dos direitos das mulheres. A conquista do voto na Nova Zelândia aconteceu em 1893, na Austrália 1902, Finlândia 1906, na Noruega em 1913,  na Inglaterra 1918, no Brasil 1933 e na França (o berço do iluminismo e da racionalidade) somente em  1945, sem contar a Suíça 1971 e em pleno século XXI alguns países do oriente médio ainda negam este direto.
Na questão cultural e religiosa, vemos a exclusão nas principais religiões, em alguns ramos do islã elas não podem estudar, nem sair de seus lares com o rosto descoberto, não podem dirigir ou exercer várias profissões, em outras culturas são submetidas ainda criança a mutilação sexual (algumas culturas na áfrica os bebês temo clitóris cortado e a vagina costurada de forma que fique um orifícion do tamanho de um grão de feijão, quando são selecionadas para o casamento o homem utiliza uma lâmina para abrir a costura, a mutilação tem como objetivo tirar da mulher o prazer). No catolicismo elas tem papel secundário na condução da igreja, não podem ser ordenadas a nenhum cargo importante na Igreja. A Bíblia  cristã citam as mulheres de forma submissa e secundária, a começar pela sua origem, mesmo que metaforicamente, ela surge da costela do homem.
Sobre esta parte li uma frase bem interessante de ativistas dos direitos das mulheres, estava escrito em dos cartazes: “não vim da sua costela, mas você veio do meu útero”.
Outras passagens se dão no novo testamento, na qual elas são excluídas entre os apóstolos, os livros apócrifos na qual exaltavam e de certa forma colocavam as mulheres em posições mais destacadas foram simplesmente excluídos pelo alto comando da igreja católica ao longo da história.
Lembramos também que na área científica e acadêmica elas não tiveram chance, foram excluídas. O que restaram então? Comandar os lares, (não que isto seja pouco), mas merecem mais, merecem decidir sobre a sua vida e sobre o seu corpo.
Desta forma percebemos o quanto a História e o conhecimento humano esteve atrelado ao homem. Afinal eles simplesmente dominavam e ainda dominam a ciência, a cultura e o poder.
Mas como foi dito antes, este domínio foi avassalador até metade do século XX, após a década de 1960 com as conquistas dos movimentos feministas elas passaram a ter voz ativa, principalmente após a invenção da pílula anticoncepcional, afinal agora poderiam ter prazer sexual sem ter a obrigação de procriar.
Hoje percebemos o quanto elas estão conquistando o espaço, que já deveriam ser delas a milhares de anos. Elas estão mesmo de forma minoritária, mas de certa forma importante e contínua conquistando poderes no alto comando político no mundo, nas presidência de  grandes corporações econômicas, nas academias, no alto escalão das forças armadas e em profissões que secularmente foram destinadas aos homens, podemos ter esperanças de que elas podem avançar ainda mais.
Então, neste 08 de março, podemos refletir sobre as lutas, suas glórias e seus sofrimentos para conseguirem alcançar direitos iguais e principalmente liberdade.
Ainda falta muito, conquistas como aumentar o percentual mínimo de políticos do sexo feminino, a descriminalização e legalização do aborto, a diminuição da violência masculina sobre a mulher, a diminuição da objetivação do corpo feminino, os direitos de poderem trabalhar e serem mães, a conscientização masculina na divisão de tarefas domésticas, a quebra do mito da fragilidade, enfim a luta ainda é longa e difícil.

"Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade." Simone de Beauvoir

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